MATEMÁTICO APAIXONADO
Num certo livro de matemática, um quociente apaixonou-se por uma incógnita de uma simples equação. Como sabes, o amor é de mais ou menos. É bom multiplicá-lo, mas horrível dividi-lo. No primeiro diedro de Dezembro, ele encontrou-a numa de inequações, envolvida com certos problemas.
Apaixonado, o quociente olhou-a do vértice à base, de todos os ângulos agudos e obtusos e achou-a linda. Tinha o olhar rombóide, boca trapezóide e corpo cilíndrico.
'Quem és tu?', perguntou o quociente com o olhar radical. Ela, com a expressão algébrica de quem ama, respondeu: "Eu sou a raiz quadrada da soma dos quadrados dos catetos, mas podes chamar-me de Hipotenusa".
Ele fez da sua vida uma paralela à dela, até que se encontraram no infinito. Amaram-se à velocidade da luz e saíram traçando rectas e curvas. Os dois amavam-se muito e, por um teorema anterior, concluíram que se adoravam nas mesmas razões e proporções.
Resolveram casar-se e montar um lar, ou melhor, uma perpendicular. Os padrinhos foram o poliedro e a bissectriz. Juntos traçaram planos e diagramas para o futuro, pois todos queriam uma felicidade integral. Quando tudo estava no eixo, eles com todas as coordenadas, resolveram ter alguns números, torcendo para que todos fossem irmãos, pois jamais poderiam ser números primos. Nos três primeiros anos de casados, conseguiram ter um casal. O menino, um diâmetro, a menina, uma linda secante. O amor entre eles crescia numa progressão geométrica.
Eram felizes, até que um dia tudo tornou-se uma constante. Foi aí que surgiu um outro: o máximo divisor comum. Um frequentador de círculos viciosos. O mínimo que o máximo ofereceu foi de caras uma grandeza absoluta. Quando o quociente tornou-se quociente, ou seja, consciente desta regra de três, numa fracção de segundos encontrou a solução. Sentindo-se um denominador comum, resolveu tomar providência, saindo logo pela tangente.
Numa noite fria do primeiro semi-período do inverno, ela, vestindo uma combinação linear, chamou-o de quadrado. Tomado de ódio, o quociente pegou o seu 45 graus e, num giro determinante, encontrou nova solução. Ela passou para o espaço imaginário e ele foi parar num intervalo fechado. Interrogado por alguns cubos, disse apenas: 'A Matemática não perdeu nada. Ela não passa de uma fracção ordinária'.