Esta pequenina tela,
Faz tempo, virou minha cela.
Me pôe rubra e às vezes até amarela,
Só sei que não vivo sem ela:
O povão, lá fora, grita,
Cobrando a minha presença.
E ouvem a minha sentença,
Que vem assim, bem escrita:
– Não volto, não, pro mundão,
– Neste cantinho eu sou gente.
– Tiveram-me em suas mãos,
– E não me fizeram contente!
Ao que eles me respondem,
Com um preocupante senão:
– Mas no dia que tu morrê,
– Quem vai segurar o caixão??
E pensando nesta questão,
Antecipei até o testamento.
Só vai poder ser herdeiro,
Quem providenciar meu enterro:
E mais um quesito eu botei,
Bem claro, no testamento,
Enterrem-me com o PC,
Pois mesmo depois de morta,
Vou teclar no firmamento!