O MEU PEQUENO LIVRO NEGRO
Por: Jesualdo Ferreira
MOREIRA: Bom guarda-redes do juvenis. Insiste em trazer para o balneário os carrinhos e o urso de peluche, mas os outros até gostam e brincam com ele. Cria bom ambiente no balneário.
ARGEL: Temos o máximo cuidado de lhe tirar do caminho todo o equipamento informático. Uma vez o Shéu abriu o portátil à sua frente e ficou sem ele. Nos treinos temos que lhe chamar à atenção que aquilo não é a sério para ele não magoar os colegas. Gosta de ficar no balneário com o Roger depois dos outros saírem.
JOÃO MANUEL PINTO: É um bom central para a segunda liga. Nos treinos passa a maior parte do tempo a resmungar consigo próprio e a dizer "Eu não sou do Porto, eu não sou do Porto". Costuma chorar depois de cometer erros nos jogos, o que acontece praticamente todos os Domingos. É demasiado sensível para ser jogador de futebol. Também gosta do Argel.
SIMÃO: Não gosta que os colegas joguem a bola por alto durante os jogos porque diz que também quer participar. No início da época queria jogar e treinar com camisa, calças e blazer da Sacoor, mas conseguimos dissuadi-lo.
Continua à procura de quem seja o pai da Mariana. O Chalana é o seu confidente nas questões matrimoniais e fala-lhe muito da "sua Anabela".
ROGER: É carinhosamente conhecido entre os colegas como "menino do Rio".
É demasiado bonito para ser jogador de futebol. O Chalana diz que em tempos trocou correspondência via internet com o Calado. No início da época queria pintar o balneário de cor-de-rosa mas os companheiros não deixaram.
Sempre que durante os treinos alguém faz falta sobre ele queixa-se imediatamente ao Argel.
PETIT: Corre muito durante os treinos e é inesgotável, mas não distingue entre a bola e as pernas dos colegas. Termos que trabalhar mais com ele ao nível psicológico para ele perceber a diferença. As pernas que ele mais gosta de malhar são as do Mantorras. É demasiado feio para ser jogador de futebol.
Talvez seja por isso que parece ser o único do grupo que ainda não conhece a mãe da Mariana.
MANTORRAS: Temos que ter cuidado com ele quando vamos treinar para o Estádio Nacional, porque ele tem o hábito de fugir para as árvores e depois é uma carga de trabalhos para o tirar de lá. Diz que quer estar com a família, pede bananas e começa a falar uma língua que ninguém entende. Quando treinamos no Estádio da Luz às vezes também foge para a obras no novo campo.
DRULOVIC: Tem dificuldades de integração pelo facto de se recusar a falar qualquer outra língua que não seja o sérvio. Todas as semanas quer levar para os estágios o seu grupo de amigos imigrantes ilegais, e normalmente consegue-o à socapa. Bebe mais aguardente que a minha mulher. Na última semana do mês dorme sempre à porta da SAD à espera que lhe paguem e toma banho no sistema de rega do relvado.
ZAHOVIC: É um grande jogador de futebol. Um sobredotado que tem lugar certo em qualquer equipa do mundo. E este elogio não tem nada a ver com uma conversa que tivemos logo no início da época em que ele me explicou porque razão não gostava de ser substituído e o que seria capaz de fazer a quem o substituísse ou à família. Tem o temperamento típico de um eslavo.
Também costuma pernoitar à porta da SAD na última semana do mês.
NUNO GOMES: É bom a jogar de costas para a baliza, mas, não sei porquê, parece-me que essa não é a direcção certa. Temos que trabalhar com ele ao nível psicológico para que se consiga voltar. Costuma vender todas as acções que tem num clube antes de ir jogar para lá, porque acha que os clubes tendem a falir depois de ele chegar.
Nós já lhe tentámos explicar que o Benfica já estava falido quando ele chegou e portanto já não há esse perigo.
Seja para jogos, treinos ou estágios traz sempre consigo o seu cabeleireiro.
Tem um assistente contratado especificamente para ficar à porta da SAD à espera do pagamento.