Dois leões fugiram do Jardim Zoológico.
Na fuga, cada um foi para um lado. Um foi para as matas e o outro foi para o centro da cidade.
Procuraram os leões por todo o lado, mas ninguém os encontrou.
Depois de um mês, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas.
Voltou magro, faminto, alquebrado. Assim, o leão foi reconduzido à sua jaula.
Os tempos passaram e ninguém mais se lembrou do leão que fugira para o centro da cidade, quando um dia, o bicho foi recapturado. E voltou ao Jardim Zoológico, gordo, sadio, vendendo saúde.
Juntos de novo, o leão que fugira para a floresta perguntou ao colega:
– Como é que conseguiste ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com saúde?
Eu, que fugi para a mata, tive que voltar, porque quase não encontrava o que comer…
O outro leão então explicou:
– Fui esconder-me numa repartição pública. Cada dia comia um funcionário e ninguém dava falta dele.
– E por que voltaste então para cá? Tinham-se acabado os funcionários?
– Nada disso. Funcionário público nunca se acaba. É que eu cometi um erro gravíssimo. Já tinha comido o director geral, dois superintendentes, cinco adjuntos, três coordenadores, dez assessores, doze chefes de secção, quinze chefes de divisão, várias secretárias, dezenas de funcionários e ninguém deu por falta deles! Mas, no dia em que comi o desgraçado que servia o cafézinho… Estraguei tudo!